FGTS em risco: presidente da Caixa alerta para possível impacto no financiamento imobiliário
- Ivoti Imóveis
- 9 de out.
- 2 min de leitura

Uso excessivo dos recursos do fundo pode comprometer programas habitacionais e o acesso à casa própria nos próximos anos
O financiamento imobiliário no Brasil pode enfrentar uma nova fase de instabilidade caso não haja uma revisão na forma como os recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) estão sendo utilizados. O alerta foi feito pelo presidente da Caixa Econômica Federal, Carlos Vieira, durante o evento Rio Construção Summit, realizado na última quinta-feira (25).
De acordo com Vieira, a disputa crescente pelos recursos do FGTS ameaça a sustentabilidade do modelo atual de crédito imobiliário, já que o fundo é o principal responsável pelo financiamento habitacional de milhões de brasileiros e também por investimentos em infraestrutura urbana.
Embora tenha afastado a possibilidade de um congelamento imediato do FGTS, o presidente da Caixa destacou que o fundo corre sérios riscos de enfraquecimento. O motivo está em novos projetos de lei que ampliam as possibilidades de saque, o que pode retirar bilhões de reais do sistema e reduzir drasticamente a capacidade de financiar programas como o Minha Casa, Minha Vida.
Atualmente, o modelo de crédito imobiliário brasileiro é fortemente dependente do FGTS. Quando parte desses recursos é direcionada para outros fins — como saques extraordinários e novos tipos de resgate — sobra menos dinheiro para manter o financiamento de moradias populares e projetos urbanos essenciais.
Esse cenário acende um sinal de alerta para o setor imobiliário, que já enfrenta desafios estruturais. A alta das taxas de juros nos últimos anos reduziu a atratividade da poupança e, consequentemente, o volume de recursos disponíveis para o crédito imobiliário. Com menos dinheiro em circulação, a oferta de financiamento diminui, e os custos para o consumidor tendem a aumentar.
Na prática, isso significa que o sonho da casa própria pode ficar mais distante para milhares de famílias brasileiras. Com taxas mais elevadas e prazos mais restritos, muitos compradores desistem da compra ou são obrigados a buscar imóveis menores e menos adequados às suas necessidades.
Programas habitacionais voltados à população de baixa renda, como o Minha Casa, Minha Vida, também são diretamente afetados. A redução dos repasses pode comprometer novas contratações e atrasar obras já em andamento, ampliando o déficit habitacional e gerando impactos sociais e econômicos de longo prazo.
Para Vieira, o desafio é encontrar um ponto de equilíbrio entre a função social do FGTS — que protege o trabalhador — e sua importância estratégica para o desenvolvimento urbano e habitacional do país. “O fundo precisa continuar cumprindo seu papel social sem perder a capacidade de financiar o crescimento”, afirmou.
Especialistas do setor imobiliário reforçam o alerta e defendem um debate mais profundo sobre a gestão dos recursos. Para eles, o FGTS é uma ferramenta essencial para garantir acesso à moradia, impulsionar a construção civil e movimentar a economia local. Qualquer mudança que reduza sua capacidade de investimento pode ter reflexos negativos em toda a cadeia produtiva.
Enquanto o governo e o Congresso discutem novas formas de utilização do fundo, o mercado acompanha com atenção os desdobramentos. O futuro do crédito imobiliário depende diretamente da sustentabilidade financeira do FGTS — e de decisões equilibradas que preservem tanto os direitos dos trabalhadores quanto a vitalidade do setor da construção civil.








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